top of page

Lugar imaginado, lugar vivido: 80 anos da Casa do Baile

Casa do Baile - centro de referência em arquitetura, urbanismo e design, Belo Horizonte, 2023

curadoria

Inaugurada em 1942, a Casa do Baile da Pampulha é considerada uma das obras-primas da arquitetura moderna, e foi protegida como “Patrimônio Mundial” pela Unesco em 2016. Concebido como uma ilha artificial, o edifício é ligado à terra por uma pequena ponte. Com uma forma circular, se expande ao ar livre numa marquise ondulante, que parece ter sido desenhada pelo vento, sugerindo movimentos de dança. Sua forma leve e sinuosa passou a caracterizar o hedonismo tropical da arquitetura moderna brasileira, que soube romper com a monotonia funcionalista da arquitetura europeia, já criticada nos anos 1940.

 

O conjunto da Pampulha foi concebido como um complexo de lazer e turismo para as elites, na prefeitura de Juscelino Kubitschek, prolongando uma ação iniciada um pouco antes por Otacílio Negrão de Lima. Sendo um restaurante dançante, a Casa abrigou importantes bailes da alta sociedade mineira, assim como shows musicais marcantes, além de festas em geral. Contudo, com o fechamento do Cassino em 1946, e o rompimento da barragem da lagoa, em 1954, o complexo passou a atravessar crises, sendo obrigado e reinventar-se seguidas vezes.

 

Na história da Casa do Baile, a grande reinvenção aconteceu na virada do milênio, quando, com projeto de Oscar Niemeyer, Álvaro Hardy e Mariza Coelho, ela foi restaurada e transformada em Centro de Referência de Arquitetura, Urbanismo e Design, como um órgão cultural da prefeitura. Assim, desde 2002, o Centro vem consolidando sua vocação museal, através do seu eixo de exposições, programa educativo, atividades culturais, mostras, seminários, palestras e publicações, com renovadas perspectivas de futuro.

 

Nessa exposição, procuramos articular a história desse grande patrimônio moderno ao seu momento presente, mirando sempre adiante. Por isso, convidamos um conjunto de artistas a realizar trabalhos que refletem sobre essa história, carregada de utopias, cruzando-a com seus desafios concretos, com as tramas da vida real que atravessaram suas linhas aéreas, e criando pontes entre tempos. Propomos também, ao longo do tempo dilatado dessa mostra, uma série de ativações e performances ligadas à música e à gastronomia – elementos centrais da Casa desde o início.

 

Em oito décadas, muita coisa se passou. Com seu percurso rico e sinuoso, a Casa do Baile pode ser tomada como uma metonímia do Brasil. Já não há mais o costume de se frequentar restaurantes dançantes, nem de se fazer bailes de gala. Por outro lado, os bailes periféricos são símbolos de vitalidade no contexto atual, e a gastronomia penetrou o imaginário da sociedade, tanto na televisão quanto nos circuitos da arte. Da utopia moderna de JK, chegamos à realidade pós-contemporânea do século 21. O lugar imaginado e o lugar vivido se entrelaçam. Não é preciso escolher entre um e outro. A imaginação não deve estar descolada da vida concreta das pessoas.

curadoria: Guilherme Wisnik e Marina Frúgoli

Artistas:

Isabela Prado

Laura Belém

Marcus Deusdedit

Paul Clemence

Grupo Pintura ao ar livre
 

Louise Ganz (coordenação)
Helena Borges (assistente)
Adriana Bellardini
Ana Gomes
Clara Valente
Cláudia Gastelois
Cristiane Zago
Gus Rocha
Jesus Ramos
Killa
Mariana Zani
mel la del barrio
Sérgio Leão

bottom of page