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Reimpressões

exposição individual de Renata Pelegrini​

Casa Yara DW, 2025

texto curatorial

texto curatorial:

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A reimpressão do livro Tentacular é o ponto de partida para a reunião dos trabalhos aqui apresentados – alguns presentes na publicação e outros inéditos, mostrando os caminhos mais recentes percorridos por Renata Pelegrini. Tentacular convida o espectador a ser cocriador do livro, com a liberdade de reposicionar as páginas e compor novas configurações e diálogos entre as obras. A cooperação e o cuidado têm sido temas de interesse constante na pesquisa poética da artista, em particular, entre seres humanos e mais-que-humanos.

 

Impressão é o rastro deixado pelo nanquim quando a raiz de uma orquídea encontra o papel. Imprime-se o gesto, o cuidado e uma forma de estar no mundo: a relação de cooperação entre a artista e sua coleção de raízes de orquídeas. A raiz é o pincel, mas não é mera ferramenta, é agente cocriador da imagem. O interesse particular por essa parte específica das plantas epífitas vem da forma como estas se relacionam com seus hospedeiros, apoiando-se cuidadosamente e cooperando, sem transformar-se em parasitas. Ensinam, talvez, outras formas possíveis de o ser humano se relacionar com a Terra.

 

Impressão é o decalque do piso e dos objetos que Pelegrini marca na cerâmica como quem coleta tempos, na busca de unir e falar das coisas que estão e das que não estão. São rastros de memória, de cuidado e das relações femininas que atravessam gerações. É nesse envolver da cerâmica em contato com objetos diversos que os novelos de lã ganham máscaras e os pincéis são postos a dormir, simbolicamente, no momento em que a cerâmica começou a florescer no percurso da artista.

 

Impressão em 3D é a linguagem mais recente do caminho de Pelegrini, tecnologia que permitiu a transformação de peças cerâmicas em séries múltiplas e manipuláveis. Os Escutadores parecem vir das conchas, das dobras, do gesto. Buscam ouvir e contar histórias; operam ora como escultura, ora como objeto relacional, podendo ser um convite tanto para a partilha de memórias quanto para a vivência do momento presente e a escuta do som ao redor.

 

Impressão é um sentimento de deslumbre que move Renata na fatura de Ataccatti. A natureza que impressiona a artista ganha forma na pintura, em uma simultaneidade entre a força expressiva e a fragilidade da fragmentação – talvez a natureza esteja mesmo em risco de desaparecimento, se não receber os devidos cuidados. A busca da união com esparadrapos médicos é um gesto delicado conduzido pela artista. 

 

Impressão é a primeira percepção que temos de algo. Sempre imbuída de uma mesma força motriz, Renata transita com naturalidade entre linguagens, em movimentos pendulares de constante retorno ao que já fez, alimentando aquilo que virá. Seria, então, a reimpressão uma segunda chance para perceber sutilezas que nem sempre se revelam à primeira vista?

Texto curatorial

Marina Frúgoli

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Artista

Renata Pelegrini​​

© Marina Frúgoli

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