
texto curatorial:
O ato de habitar é o modo básico de alguém se relacionar com o mundo
Juhani Pallasmaa
A presente exposição reúne oito artistas que desenvolvem obras tridimensionais em materialidades diversas com as quais é possível confabular alguns aspectos a respeito do habitar em coletividade. Recorro aqui ao arquiteto finlandês Juhani Pallasmaa, para quem o habitar é uma relação existencial que implica sensações, identidade e memória.
Por um lado, há a dimensão intrinsecamente humana do habitar. Com o uso de materiais habitualmente empregados na construção civil, seja por meio da coleta e reorganização de resquícios de demolição ou de procedimentos construtivos, os artistas Luiz 83, Ana Hortides, João Paulo Paixão e Camila Bardehle apontam para o imaginário da casa, para a invisibilização das mãos que as constroem e para o constante fazer e refazer das cidades movido por processos imobiliários turbulentos. Nos escombros, vemos uma matéria que teria a capacidade de fazer perdurar uma casa por muito mais tempo do que os interesses econômicos lhe permitem existir. Quando a memória é tratada como descartável, seria possível lutar contra o esquecimento?
Por outro lado, descentralizando a espécie humana, estão as complexas relações interespécies e entre matéria orgânica e inorgânica, entrelaçando dimensões oníricas e imaginativas à linguagem científica. Formas curvas e suaves contrastam com a predominância geométrica da parede oposta. Com a precisão do fazer manual, entre técnicas do fazer cerâmico e inovações no uso do tecido e do papel, as artistas Fernanda Corsini, Desirée Feldmann, Laura Barzaghi e Alice Aroeira trazem visões de natureza que vão do micro ao macro, por vezes dando forma aos seres intangíveis que coabitam o nosso inconsciente.
Curadoria
Marina Frúgoli
Artistas
Alice Aroeira
Ana Hortides
Camila Bardehle
Desirée Feldmann
Fernanda Corsini,
João Paulo Paixão
Laura Barzaghi
Luiz 83










