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Do fio que tece afetos

exposição coletiva

Pinacoteca Municipal de São Caetano do Sul, 2025

curadoria

texto curatorial:

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Fiar, tecer, bordar, amarrar, entrelaçar, costurar, vestir, rasgar, desfiar, apropriar, ressignificar. Muitos são os verbos que envolvem as práticas têxteis. O tecido talvez seja o primeiro material fabricado com o qual nosso corpo entra em contato, logo após nascer. E nos acompanha por toda a vida, carregando múltiplas camadas de significado e de memória. O trabalho com o fio solicita um fazer atento, paciente, que pode até ser solitário, mas carrega em si um saber manual transmitido de geração em geração por meio de práticas coletivas. Nessa partilha, bordam-se não apenas objetos, mas também vínculos.

Esta é a quinta ação do projeto rotativo “Do fio que tece afetos”, fruto de um mapeamento de artistas que utilizam o têxtil como meio de criação e expressão, realizado por Andrea Cabrini. Nesta edição, reunimos 30 artistas em um gesto de tensionamento daquilo que separa a Arte (com A maiúscula) do artesanato. Entendemos essa separação como arbitrária, uma classificação hierárquica fundada por preconceitos culturais, que buscou historicamente tratar a criação artística feminina e de culturas não ocidentais como algo menor.

Que feridas queremos costurar? Que lembranças queremos amarrar, e quais preferiríamos esquecer? Por que tecer é um fazer atribuído socialmente às mulheres e estigmatizado? Conhecemos quem produz nossas roupas? Sabemos de onde elas vêm? E para onde elas vão após o descarte? O que elas dizem sobre nossa identidade, sobre como nos apresentamos ao mundo e nos relacionamos com ele? O que resta de manual nesse fazer industrial? 

O fio que tece afetos perpassa dimensões espirituais, festivas, domésticas, íntimas, sociais e políticas. Da tensão da linha geométrica ao emaranhado de rendas que ressurge dos escombros, de paninhos antigos reapropriados a esculturas e instalações construídas com almofadas ou mantos, o conjunto de obras aqui reunidas aciona questionamentos frente às normas sociais: que corpos estamos reprimindo, que natureza estamos fabricando, quais aspectos do passado estamos preservando, que futuro estamos construindo? 

Concepção e coordenação

Andrea Cabrini

Curadoria

Marina Frúgoli

Expografia

Andrea Cabrini

Bruna Marassato

 

Artistas

Adriana Ferla, Alessandra Vetorazzi, Alexandra Ungern, Andrea Cabrini, Bruna Amaro, Bruno Romi, Claudia Lara, Desirée Feldmann, Dods Martinelli, Fernando Cândido, Flavia Renault, Gabrielle Maussen, Gamah, Isabel Pochini, Ivan Zancan, Julian Campos, Lucas Quintas, Lucrécia Couso, Mari Sperandio, Marinalva Rosa, Rafaela Jemmene, Renata Di Domenico, Renato De Cara, Renato Dib, Roberta Bottcher, Rosana Spagnuolo, Sylvia Sóglia, Teresa Brisa, Teresa  Liberati, Tuca Chicalé Galvan

© Marina Frúgoli

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